"Meu grito foi tão abafado que só pelo silêncio contrastante percebi que não havia gritado. O grito ficara me batendo dentro do peito”. C.L.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010




"Pelo menos, enfrenta. Como aquela, mentindo naturalidades com tamanha perfeição que até consegue dizer: sou simples. E diz a verdade quando mente. Não me venhas com Densas Complexidades Psicológicas. (...) Portas falsas, coração." C.F.


Peço, embora em silêncio, com todas as forças que ainda me restam: me perdoa. Meu erro é ser, não é e nem nunca foi intencional, sou desse jeito - o único que sei - há tempos, e sinto muito, meu amor, se parecia diferente. Eu tentei avisá-lo.Durante as noites em que olhei fundo em teus olhos de mar e tentei, com pouca força e talvez sem convicção nenhuma, explicar-lhe quem eu era, eu não exagerava. Sei que o exagero muitas vezes domina minhas palavras e faz algumas de minhas histórias parecerem estranhas, mas ele não deve ser levado em conta se, em algum momento, tento falar de mim. De quem sou, não do que faço. Porque até hoje, com toda a intensidade e a lucidez que conquistei, não sei o que eu seria. Ou talvez saiba, mas.Mesmo sem sentido, te peço perdão. As lágrimas travam em meus olhos e impedem que as palavras formem-se completas em minha boca. Se eu tivesse fé e arriscasse o ímpeto de me expressar, elas não fariam sentido algum. A fé que me falta não é em ti, meu amor. É em mim.Tenho um mundo de palavras e noites em claro que carrego sobre minhas costas, e está longe de ser simples. Se hoje escondo até de mim mesma, com que forças abriria meu coração para te contar? Como suportaria, depois que fosses embora, o peso e a dor de me reencontrar?Não sei se consigo, meu amor. Me perdoa. Eu queria ser um pouco mais fácil de se lidar.