"Meu grito foi tão abafado que só pelo silêncio contrastante percebi que não havia gritado. O grito ficara me batendo dentro do peito”. C.L.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Quem escreve mente. Não adianta dizer que não, porque mente. Cria, fantasia, incrementa, esconde, aumenta um ponto e não conta conto, qualquer coisa que faça; mente.Porque a realidade é chata demais. M-O-N-Ó-T-O-N-A. É crua, é nada, e aí não serve pra escrever porque o nada chega a ser a ausência da ausência, uma neblina branca sem sal, não serve.

Ah, mente sim, não nega.

terça-feira, 8 de abril de 2008


se o mundo se perdeu ou foi a gente que se perdeu do mundo não importa, não é isso. se estamos condicionados a andar sempre reto, ou é o fato de andarmos reto que nos condiciona a ter medo das curvas, não importa. se temos essa mania escapista de buscar em coisas externas a ausência de dentro, mesmo sabendo que não é ali que residem, deixa pra lá. a vida se encarrega da nossa vida e põe tudo no lugar. e acaba pondo mesmo, não importa se deixamos de ter fé quando deveríamos ou se fomos fracos no ápice da luta. acredita que a vida põe, porque esse é o natural das coisas e elas não fogem tanto do ritmo como queríamos acreditar. e se é natural só deixa ser que tá bom.
mas não é isso também. não é o futuro que poderá cair em qualquer abismo de sonhos, nem o passado arrependido. não é o excesso de preocupação nem a insegurança de bater em portas desconhecidas. se amanhã assusta por ser duro e mais bonito do que caberia, não importa.
preocupações e medos súbitos não suprem mais a fome da falta. se temos medos, angústias, dores e mal-estares interiores, não importa, não é isso. por pior que fosse seria normal. o problema é esse caminhar constante e imutável de um ser tão mutante que não cabe e não sacia a si mesmo, sempre seguindo rumo ao instante duro de algo que não tem nome, de uma montanha inacessível que foi equivocadamente apelidada de agora. de hoje, de já, tão, eu.
e não era isso também.