"Meu grito foi tão abafado que só pelo silêncio contrastante percebi que não havia gritado. O grito ficara me batendo dentro do peito”. C.L.

domingo, 16 de novembro de 2008

Mudar?





(11/11)

Começar a me alimentar do que é real. Mesmo sem saber de que esse real seria feito. Nunca foi preciso muito mais do que uma dose de coragem para colocar o primeiro pé pra fora da porta de casa. (Mas como fazer se não se ve portas nem janelas?)

Pra fora da porta do coração, sempre tão trancado, tão contido. Por quê? Não que ainda realmente importe. Não que um dia tenha sido muito mais do que o turbilhão interno. Furacão congelado, inércia acelerada, que se danem as metáforas meticulosamente arranjadas e as palavras com um milhão de sentidos nas costas. Eu quero vida. Quero mais sorrisos. Minha sede de calor e movimento nao sacia fácil não. Se o mundo anda meio frio e o sol resiste em aparecer; corro. Mas dessa vez não é mais de mim mesma. De que adianta? Se correndo de mim mesma, mergulhei e afundei cada vez mais no poço de mim que era e não queria? Se minha insistência em juntar mil palavras e mil luas, única fonte de esperança - e me atrevo a dizer, de razão, motivo, e quem sabe até resposta -, com o intuito desesperado de gritar, resultava sempre em silêncio? Como pude ser tão cega, surda, muda, a ponto de não perceber que minhas palavras sempre foram resultado do medo desnorteado que tenho de falar? Nunca entendi que gritar através do aparente conforto das palavras, por mais profundo e sincero que fosse, só me fazia afundar mais e mais no meu poço de silêncio. Nunca aceitei. Como se faz pra mudar?