"Meu grito foi tão abafado que só pelo silêncio contrastante percebi que não havia gritado. O grito ficara me batendo dentro do peito”. C.L.

domingo, 20 de julho de 2008



Meu coração acelerado, já não sei ao certo se por excesso de pulso ou por falta. Não sei porque não compreendo nem identifico nada do que insiste em viver nesse meu interior tão antigo, tão cansado, tão vivido. Nesse eu que é ainda tão novo e tão recente. Meu coração acelerado, minha voz falha aos poucos, talvez algum dia eu encontre alguma espécie de força em meio a toda essa fraqueza, talvez um dia a fragilidade surja por debaixo dos destroços que ela mesma encarregou-se de destruir e agrupar, como num castelo um tanto quanto mórbido. Quem sabe um dia eu consiga parar de dar vida a todos esses sentimentos, fugindo do peso de ser ao atribuir-lhes tamanho significado e responsabilidade.
Meu coração acelerado, minha voz já se calou, minha garganta aos poucos seca depois de tantas lágrimas engolidas a força. Tantos fatos banais corrompendo-se e transformando-se em erros irremediáveis, sem que se pudesse evitar, se que se pudesse enxergar. Motivo, razão, solução, nada chegou a vir. Ou veio, e resolveu partir quando mais uma vez eu não pude enxergar.
Diante de tamanha imensidão da vida, do mundo, e da amplitude de tudo o que há lá fora - seja fora de mim, do meu círculo ou do meu mundo – diante de tamanha incompreensão indefinida, mais uma vez essa tristeza, tão premeditada, tão instável, tão mutante a ponto de ser sempre a mesma, toma a dianteira e me rouba todas as forças que ainda restavam escondidas em algum lugar de mim, prematuro, ainda invisível pros meus olhos de gelo.
Meu coração acelerado aos poucos começa a parar, minha voz já não tem força alguma para gritar, minha garganta e meus olhos secos não transbordam mais a secura da inundação interior, meus olhos, cansados de olhar para dentro, fecham-se por desistência.
Não desisti de lutar, ainda não. Mas é que hoje estou tão cansada...
Só quero poder deitar minha cabeça e descansar, ao menos o exterior, fechar os olhos e simplesmente esperar passar. Como se houvesse alguma coisa simples por aqui.

(espaço para reticências e um vazio indizível)

6 comentários:

André disse...

Ei Júlia!
Essa vida é mesmo um clipe sem nexo às vezes, né?
Mas é só as vezes.
Todo mundo preciso de um tempo fora desse rio bravo que ela é, todos que nadam contra a corrente cansam uma hora, então senta na beira dele e descansa, vale a pena voltar, tomar suas próprias rédeas e seguir rumo ao que tiver de ser. Só não se deixe afogar, beibe.
Pois deite. Deite e descanse que o caminho é longo, quando estiver pronta, me chama que vou contigo.
Beijos!

Isadora Cecatto disse...

Não me surpreendo mais ao ver a data em que vomitasse tudo isso e saber que te vi nesse mesmo dia, que rimos juntas, que sentei do teu lado e deixei o tempo passar numa noite divertida e "qualquer". Não me traz mais surpresa o fato de o telefone não tocar aqui em casa nessas horas, por saber que eu não o levantaria do gancho na mesma situação, embora soubesse que alguém do outro lado sempre espera que eu o faça. Nada mais me surpreende, mesmo que o arrepio ainda venha e a sensação de compreensão se faça uma imensidão de sensações incompreensíveis. És tanto, e esse tanto me traz tanta coisa, que dizer em palavras é insuportável. 'Quase' insuportável, aliás, que eu sei que assim gostas mais. "Dá mais intensidade, o quase". Meu Deus, como eu te amo e sinto aqui dentro!

Francine Esqueda disse...

Olá?!!! Estou passando por aqui de teimosa! Ontem passei por uma pequena cirurgia e deveria repousar total! Mas, não resisti:
Vim dizer um "oi" e dar uma bisbilhotadinha!...
Adorei seu comentário no TERAPIAS EXPRESSIVAS
Beijos e mais beijos...

Anônimo disse...

Não!
Tudo.. menos deixar o coração parar!


beeijos

Francine Esqueda disse...

Olá!!! Estou melhor...
Espero que sua semana seja mais que maravilhosa!
Abraços apertados,
FRAN

O Profeta disse...

O vale acorda no encontro ao mar
Engalanado por pingos do céu
A terra exulta em alegria
Tal como noiva debaixo do véu

Vem voar comigo no vale dos milhafres


Boa semana


Doce beijo